Fecha a conta e finda o copo
Cruza esquinas sem sentido
Entre tantos transeuntes
Anda bambo o desvalido
Perde o rumo enfrenta os carros
Queima a baga entre os dedos
Uma ponta de esperança
Amansa e espanta seus medos
A vista embaça, vê dobrado
Os passos lentos na calçada
A boca seca e a vida amarga
Encharcam-se em mais mil tragos
Deixa a conta e sai batido
Perseguido pela sombra
Do garçom arrependido
De servir mais um coitado
E o infeliz aborrecido
Sem pai nem mãe, esquecido
Deseja que o fim se adiante
Pra abreviar seu destino
Fecha os olhos lá do alto
Pra acabar com essa tortura
Despenca pensando em nada
E é engolido pela rua
Pobre diabo foi sorrido
da própria sorte moribunda
Morreu sozinho na avenida
Do centro velho na segunda
Nenhum comentário:
Postar um comentário