terça-feira, 17 de setembro de 2013

Centro Velho (Daniel Barreto)

Fecha a conta e finda o copo
Cruza esquinas sem sentido
Entre tantos transeuntes
Anda bambo o desvalido

Perde o rumo enfrenta os carros
Queima a baga entre os dedos
Uma ponta de esperança
Amansa e espanta seus medos

A vista embaça, vê dobrado
Os passos lentos na calçada
A boca seca e a vida amarga
Encharcam-se em mais mil tragos

Deixa a conta e sai batido
Perseguido pela sombra
Do garçom arrependido
De servir mais um coitado

E o infeliz aborrecido
Sem pai nem mãe, esquecido
Deseja que o fim se adiante
Pra abreviar seu destino

Fecha os olhos lá do alto
Pra acabar com essa tortura
Despenca pensando em nada
E é engolido pela rua

Pobre diabo foi sorrido
da própria sorte moribunda
Morreu sozinho na avenida
Do centro velho na segunda

Nenhum comentário:

Postar um comentário